sábado, 28 de junho de 2014

Sobre opiniões e papagaios

Mario chegava em casa por volta das oito, sempre saudado por Ana e festejado pelas crianças. A esposa temperava o jantar, escutando o trio na sala a cantar. Comiam, conversavam, discutiam. Ana tirava a mesa, Mario entrava no banho, crianças direto para a cama. Beijos de boa-noite, pés juntos sob as cobertas, silêncio. Dormiam felizes.
- Não quero me intrometer, mas...
- O que?
- Vivemos numa época em que não faz sentido a mulher cuidar sozinha das tarefas do lar. Mario bem que poderia ajudá-la com a louça ao final do dia
- É, por uma lado...
Mario chegava em casa por volta das oito, sempre saudado por Ana e festejado pelas crianças. A esposa temperava o jantar, escutando o trio na sala a cantar. Comiam, conversavam, discutiam. Ana tirava a mesa, Mario ajudava. Mais tarde, entrava no banho. Crianças iam já bem cansadas para a cama. Beijos de boa-noite, os pés de Ana estavam sempre gelados, silêncio. Dormiam.
- Não é por nada
- O que?
- Você tempera o jantar enquanto o resto da família fica na sala a cantar?
- Tem razão...
Mario chegava em casa por volta das oito, sempre saudado por Ana e festejado pelas crianças. Mario temperava o jantar, Ana arrumava a sala, as crianças assistiam televisão. Comiam, conversavam, discutiam. Ana tirava a mesa, Mario ajudava. Mais tarde, entrava no banho. Crianças entediadas choravam ao irem para a cama. Beijos de boa-noite,  os pés de Ana estavam sempre gelados o que, segundo ela, lhe causava dores de cabeça. Silêncio. Mario tinha insônia, o resto da casa dormia.
- Estou há tempos para lhe dizer
- O que?
 - A família tem reclamado de vocês, nem ligam para saber dos demais. Tia Maria, por exemplo, anda atacada da artrite. Ruth então, vive perguntando pelas crianças 
- Puxa...
Mario chegava em casa por volta das oito, Ana lhe passava a ligação, era tia Maria. As crianças não gostavam falar ao telefone, onde já se viu? Alguém esquentava a lasanha congelada, Mario preferia não jantar. Ligavam para Ruth. Crianças direto para a cama. Ana deitava em silêncio, Mario já dormia sob o efeito de remédios. 
- O que tem seus filhos?
- Por que?
- Nunca querem falar no telefone
Mario chegava em casa por volta das oito, Ana acenava com a cabeça. As crianças falavam por telefone com o novo papagaio da Ruth, comiam um sanduíche. Silêncio. Cada um dormia em seu quarto.
- Vocês estão em crise?
- Como você sabe?
- O papagaio da Ruth
- Ah...
- Posso dar uma sugestão?
- Ahã
- Passem mais tempo juntos, criem a rotina de vocês
- Até que é uma boa idéia 





quinta-feira, 26 de junho de 2014

Camembert verde e amarelo

A partir de hoje, sou francesa. Não quero que meus filhos façam manhã e pretendo terminar as refeições com queijos.
Antes de entrar na maternidade, olhava para aquelas crianças berrando no supermercado por causa de um iogurte ou jogando queijo ralado no suco de laranja em pleno restaurante, diante de pais condescendentes com olheiras e pensava: "Ah, quando eu for mãe...".
Pronto. Sou mãe. E para a surpresa das minhas convicções, meus filhos já protagonizaram caos em supermercados,  jogaram farinha no chá gelado, enquanto eu - que sim educo, imponho limites e criei as 'regras da casa by Super Nanny' - estimulava:
- Isso, joga um pouquinho mais de farinha e depois ainda tem o sal. Daqui a pouco eu acabo de almoçar e podemos sair correndo.
Já me flagrei pensando em qual momento meus planos foram por água abaixo e finalmente, um sucesso editorial me trouxe a resposta: é tudo culpa da educação brasileira. Portanto, além de termos em nossa herança cultural a caipiroska de seriguela, somos exageradamente protetoras e entramos no mundo de nossos filhos ao invés de trazê-los ao nosso. Exótico. 
Acabou o xixi? Peraí que estou indo arrumar sua cueca
Não gosta de tomate? Eu te faço macarrão com bifinho. 
Quer brincar de princesa? Vamos lá.
Lutar como monstro? Vou te pegar!
Descalço não, aqui estão a meia e o sapato. Dá o pezinho
Quer fazer uma tatuagem de canetinha na minha mão? Pequena, tá?
Programação do final de semana? Quatro festas infantis
Vamos comer fora? Naquele restaurante com recreação e batata frita
Acontece que, além do papel de super mãe, também gosto de sentar no sofá, com os pés para cima e os olhos fechados, adoro comida indiana e filmes não indicados para menores de doze anos. Só que com um detalhe: sem culpa.
Desta forma e com a solução para o equilíbrio pronta, simples e debaixo do meu nariz, resolvi adotar a técnica:
- Mãe...
- Oui
- O que tem de sobremesa
- Camembert 
- Ah, não pode ser danoninho?
- No
- Por favor....
- Está bem vai, é petit suisse. Traz que eu te dou na boca




terça-feira, 24 de junho de 2014

Eu não te pertenço

No dia do nosso casamento, eu disse que pertencia a você, assim como você, pertencia a mim. Em casamentos judaicos, essa é a prédica no momento da troca de alianças e naquele instante, eu olhei nos seus olhos. Ali, eu te escolhi.
Seria perfeito, se não houvesse um porém: você não pertence a mim. E da mesma forma, eu não pertenço a você. Eu te escolhi.
Quando o vi pela a primeira vez, meu coração afundou, minha perna tremeu e eu te escolhi. Naquela noite em que não ouvimos os fogos de artifício, eu te escolhi. Quando chorei incontáveis semanas por sua ausência, eu te escolhi. Quando eu estava com outra pessoa, pensando em você, eu te escolhi. Quando sem querer perder mais tempo, liguei te convidando para sair, você lembra, né? Eu te escolhi.
Eu não tinha vinte anos, assistia Dawson's Creek, tinha pijama com cara de urso e uma insegurança do tamanho do mundo. E você me abraçou. Por isso, eu te escolhi. Você rodou o mundo, dormiu no chão na Índia e mochilou até o Himalaia. Eu queria ter sido hippie, mas nunca fui. Por admiração, te escolhi. 
Com você, mudei de estado, me arrependi e chorei trezentos e sessenta e cinco dias seguidos. Você me compreendeu em todos eles e de novo, eu te escolhi. 
Sei que prefere ficar em casa, ficção científica, Frank Herbert e Bucowski. Eu prefiro sair, drama, Antônio Prata e Luis Fernando Veríssimo. O que seria do amarelo se todos gostassem de vermelho? Te escolhi. 
Você encontra-se na bagunça, eu tenho obsessão por organização. Não, nesses momentos eu não te escolho. E não te escolho em muitos outros. Às vezes, tenho vontade de jogar uma daquelas cadeiras pesadas da sala em sua direção. Principalmente quando age com a cabeça dura ou resolve falar alto demais para os padrões de uma mulher que foi criada sem homens em casa. Ah, e quando eu - também cabeça dura - ignoro o mundo, quebro a cara e você aparece com "eu disse...". Então, eu não te escolho. Por algumas horas. Depois eu choro, porque na verdade, fico com saudades, lembrando que te escolhi.
Por você ser a pessoa mais inteligente que eu já conheci. Por não precisarmos fingir: eu durmo de meias, durmo no meio dos seus filmes preferidos e durmo durante as conversas noturnas. Porque com você, o silêncio não é inoportuno. Porque temos liberdade de falar sobre qualquer assunto. Porque já passamos juntos por momentos espetaculares. Porque já passamos juntos por momentos terríveis. Porque você compra as minhas brigas. Porque seus olhos mudam de acordo com seu humor. E porque, mesmo a cor dos meus não mudando, você sabe reconhecer os dias em que eu não quero falar. Porque você prefere meu cabelo do jeito que ele é, meu corpo do jeito que ele é e a Nurit do jeito que ela é. Eu te escolhi.
Nos próximos dias, serão onze anos desde o dia em que eu disse que nós pertencíamos um ao outro. Eu não te pertenço, mas te escolho todos os dias da minha vida.

sábado, 14 de junho de 2014

Mais perto que a China

Era um domingo de sol. Minha mãe estava grávida de muitos meses e, precisando de um tempo para descansar (eu demorei anos para entender que mães definitivamente precisam de um tempo para descansar) pediu a meu pai, um homem na faixa dos trinta e muitos anos, industrial respeitado, esportista incansável e com aptidão bastante incipiente na arte de cuidar dos filhos, que fizesse um programa comigo, então com sete anos e com minha irmã, dois anos mais nova.
Acho que o cansaço de minha mãe era tanto que, mesmo ciente dos riscos da situação, ela conseguiu relaxar numa época em que telefone celular era, no máximo, artefato do desenho dos Jetsons. Até aquele momento, nossa relação com meu pai resumia-se confortavelmente a beijos de boa-noite, almoços de domingo na casa da minha avó e - emoção das emoções - comemorar as vitórias do Brasil na Copa de oitenta e seis com a cabeça para fora do teto solar do Monza dele, rodando pelas ruas de São Paulo.
A idéia era passear no Parque do Ibirapuera. Delícia. Poderíamos comprar sorvete, alugar uma bicicleta ou brincar em frente ao lago. 
Talvez seja puro saudosismo, mas o parque nos anos oitenta tinha as árvores mais verdes, o ar mais puro e as ruas mais tranquilas. Passeamos um pouco e, provavelmente no intuito de vencer o tédio, meu pai, sempre criativo, teve uma excelente idéia:
- Já sei! Vamos brincar de esconde-esconde!
(Pausa da menina de sete anos que cresceu e hoje tem dois filhos: brincar-de-esconde-esconde-no-parque-do-ibirapuera. Inspira. Expira. Prossigamos).
- Legal! Gritamos em coro
- Primeiro você, Nurit. Mas não vai longe, hein?
O que é longe para uma criança se, cavando um buraco na areia, você podia chegar até a China? Andei por um tempo procurando um esconderijo menos óbvio que atrás de uma das cem mil árvores do parque, até que avistei uma lata de lixo enorme. Perfeito. Detrás dela, conseguia enxergar meu pai e minha irmã, que tinham o tamanho aproximado de duas formigas.
E eu os observava indo, vindo, indo, vindo, indo... Basicamente, eu tinha arrasado, seria a grande campeã da brincadeira. 
Não sei quanto tempo se passou. Na minha opinião, o tempo de um recreio. Na do meu pai, que ele deve ter compartilhado na terapia mais tarde, umas três horas e meia.
Comecei a notar um tom de desespero nos passos dele. Provavelmente, pensei, leonino que é, não gosta de perder. Esperei mais um pouco. Mais um pouquinho ainda (também sou leonina). Quando estava quase dormindo e já com vontade de fazer xixi, resolvi aparecer.
- Vocês não são de nada, só comem marmelada!
Nós sabíamos exatamente o momento de ficarmos quietas e, além dos gritos, a cor vermelha do rosto do meu pai indicava que este era um deles. Obedecemos, demos as mãos e baixamos a cabeça.
- Pai, posso comprar um DipnLink?
Não, minha irmã definitivamente não sabia reconhecer estes momentos.
- Compra, vai, compra logo
- Oba!
Então ela mergulhou o pirulito no açúcar, lambeu e, num descuido, deixou tudo cair no chão.
Berreiro. Chiliques. Entrem no carro. Silêncio. Vamos para casa.
No final da tarde, espiei por trás da porta do quarto dos meus pais. Minha mãe arrumava algumas roupas, enquanto meu pai, largado na cama, pálido, repetia "sozinho, não mais, hein?!".
Mal sabia ele que, poucos anos mais tarde, passaria a endossar o grupo dos pais separados que passam, final de semana sim outro não, dias inteiros sozinho com os filhos. Mas daí é outra história. No plural.

PS.: Te amo, pai


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Teste vocacional

- E então, o que você quer ser quando crescer?
A pergunta foi feita no final da década de oitenta e eu, antes mesmo de completar uma década, tinha uma ótima idéia:
- Cozinheira!
Numa época em que a profissão estava mais para Amélia do que para chef de cozinha - que só entrou em vigor anos mais tarde - meu avô, pálido de susto, tentou corrigir com um "não, dentista", mas já era tarde e lá estava minha caricatura como cozinheira, até com um cãozinho atrás do fogão, ansioso pelo resultado. Se o reconfortasse, também poderia ter dito que queria ser professora, profissional do Banco de Sangue e trabalhar de tailleur, mas acredito que ele teria insistido na odontologia, profissão de gerações na família.
Pulamos para noventa e sete. Estava acabando o ensino médio e precisava escolher uma profissão para imediatamente passar no vestibular, afinal de contas, alguém decidiu que dezessete anos é uma idade madura o suficiente para tal. Agora eu estava na dúvida entre arquitetura, psicologia e terapia ocupacional - tinha tido a confirmação de que odontologia não era para mim quando minha mãe, dentista, me levou para acompanhá-la numa sessão de canal e o paciente abriu a boca. Fui então encaminhada a um teste vocacional para, após algumas sessões, sair com uma certeza: a de que estava apaixonada por meu colega loiro e alto que queria ser engenheiro. A tal maturidade dos dezessete. Além disso, estava muito inclinada a ser hippie e pensava seriamente em trabalhar com aromaterapia.
Mas o vestibular estava lá e, no dia de assinalar a escolha na Fuvest, já desestimulada ao extremo com relação à aromaterapia, achei que poderia ser bacana atuar com... publicidade. Foi com este método planejado que escolhi minha profissão. Entrei na faculdade, ainda com o tal dos dezessete e então começaram os quatro anos mais divertidos da minha vida. Filosofia, sociologia, antropologia e o Dadá, bar em frente à faculdade, tudo decisivo para abrir a cabeça de quem passara a vida em colégios ultra tradicionais. Já no primeiro ano, comecei a estagiar na área de marketing, consolidando o fato de que seria uma publicitária que nunca publicitou, para a sorte da minha vida pessoal. 
No final da faculdade, prestes a ser efetivada e para o completo desespero do meu pai, pedi demissão da multinacional em que trabalhava e fui fazer produção executiva de uma peça de teatro chamada 'Sexo Oral'. Não era pornográfica, mas definitivamente eu perdia muito tempo explicando isso às empresas. Não deu certo, mas garanti a piada vitalícia para algumas pessoas da família.
Voltei pro marketing, casei, mudei e comecei a pagar minhas contas. Hora de sossegar. Fiz um MBA, tinha um emprego legal e zero tempo para sequer, consertar o microondas que passou meses e meses quebrado na prateleira. Não, assim não dava. Mudei de novo e agora era gerente de vendas e representante comercial. Amar, nunca amei, mas trabalhava para a marca que mais adoro neste mundo e era dona do meu tempo. Tudo ótimo. Tomei chimarrão em todas as lojas de lingerie do Rio Grande do Sul, aprendi a tomar chá de cadeira, porta na cara e todas as noções básicas de humildade. Foi quando eu engravidei e planejei meu retorno profissional quatro meses após o parto. Depois, após sete. Depois não voltei e inaugurei um período em que planejamento, seria dançar conforme a música.
Por dois anos, fui uma feliz mãe em turno integral, período em que acreditava que aflorariam todos os hobbies, vocações e inspirações empreendedoras. Por dois anos, não tive tempo para absolutamente nada e mal acreditava que, alguns anos atrás, com tanto tempo livre, eu não conseguia consertar um microondas. Basicamente comemorava os dias em que conseguia pentear os cabelos antes do meio dia, quebrando de vez o mito da dondoca que não trabalha. Mas quando notei que considerava a visita de rotina à pediatra o assunto destaque da semana, decidi que era hora de voltar ao mercado. Filhos devidamente na escola e abri minha empresa. Pronto, eu me encontrei. Vesti a camisa, me orgulhei e, por um misto de questões pessoais, tive que fechá-la um tempo depois. Inspira, expira, não pira. Agora, sigo com dois projetos solo, além de ser uma aspirante a escritora. Minha especialidade anda sendo tirar idéias do papel.
E nesta trajetória eclética, lembro da pergunta do caricaturista em oitenta e nove e penso que deveria ter respondido:
- Ih, moço... Como está seu estoque de papel?

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Brazil

Vidros fechados, atenta ao retrovisor, na contagem regressiva para a luz verde do farol. Estaria mentindo se dissesse que suava frio, mas tenho uma dose cavalar de neura no trânsito da cidade. 
Um ambulante descia a rua, esperançoso, cheio de bandeiras verde amarelas. Cheio. Em anos anteriores, ele deve ter faturado alto, mas agora torço para que tenha feito um planejamento de estoque baixo.
- Não, obrigada
E ele continuou rua abaixo.
Acabei de voltar de uma curta temporada no exterior e tento, ainda sem sucesso, me readaptar ao fato de viver no Brasil. Peço desculpas ao de coração 'brasileiro com muito orgulho com muito amor', mas como o país ainda é democrático, uso dessa premissa para fazer constar minha opinião. 
Nunca cantei o hino com a mão no coração, apesar de ser bem grata ao país que recebeu e deu oportunidades aos meus antepassados. Sou brasileira recente, terceira geração. Mas também sou meio francesa, meio grega, meio russa, meio polonesa, meio sérvia. Coisas de povo nômade. E já gostei de viver aqui, inclusive quando hasteei a bandeira ao marido, que no começo da vida a dois queria sair mundo afora, bradando: "que loucura querer morar em outro país, longe de tudo e de todos, como estrangeiro". Se arrependimento de blá, blá, blá matasse...
Então mudamos de estado. Pronto, um lugar bacaninha, menos violência, menos trânsito. Perfeito. Construímos uma casa, tivemos dois filhos, plantamos árvores, fincamos raízes, este ano o trânsito aumentou, roubaram o carro da fulana, cuidado que estão assaltando no farol, mataram o sicrano, todo mundo já esqueceu, reza antes de sair de casa. Que merda!
Daí você sai desse lamaçal todo, em férias, rumo a país de primeiro mundo e na volta, acaba de se desiludir por completo. Só que hoje, já não basta arrumar a mala e sair mundo afora, pro que der e vier, pois 'na rua, na chuva, na fazenda' foi coisa pros vinte e poucos anos. Lá se foi uma década. E como a rotina não poupa ninguém, bola pra frente passar os dias num jogo do contente bem ordinário. 
Agora, só pra constar: de tudo, tudinho, sabe o que me faz invejar demais os gringos? Fora a economia planejada, fora os impostos dentro de um padrão de normalidade, fora os mesmos retornarem como benefícios à população, fora não existir o PT, fora a ditadura ser uma realidade distante, fora o capitalismo ser mais valorizado que o populismo, fora uma engenharia de trânsito decente, fora o planejamento a longo prazo, fora tudo isso? Bem, foi estarmos no carro com as crianças às onze e meia da noite e meu marido ao volante, parado no farol, bocejar.
Quer luxo maior que esse? Bocejar, às onze e meia da noite, parado no farol? Imagina só...
Mas vamos levando, afinal de contas, #vaitercopa.