quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Anitor

"Não querem perder o marido? Transem em cima do lustre, entre outras coisas"
(Professora da faculdade, juro!)

- O Maurício anda me cobrando. Eu chego exausta em casa. Falem sério, quantas vezes por semana na casa de vocês?
- Três.
- Du... Três.
- U... Três.
- Três. 
- Eu faço até em cima do lustre! 
Boquiabertas, todas admiram a amiga ninfomaníaca.
- Serio Ana? Quantos anos de casada?
- Dez.
Pensam pedir um autógrafo, mas Ana continua...
- Entre outras coisas.
Frenesi. 
- Verdade? 
- Ahã.
- Que outras coisas?
- De tudo um pouco. Gente, se não fazemos em casa, o marido procura fora.
- Por mim, fique à vontade.
- Ai, Clarice!
- Mas falando sério...  Como é, Ana? 
- Garçom, traz outro espumante, por favor?
Ana era uma referência. Moderna e vanguardista desde os tempos em que todas eram solteiras. Mas depois de dez anos, em cima do lustre? Mauro devia ser um homem muito feliz, todas tinham certeza.
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- Mauro, hoje é terça...
- Claro... Ana, estou para te sugerir algo há tempos.
- Fala...
- Um dia bem que podíamos tentar a cama...
- E cair na rotina?
- Mas deve ser mais confortável. Imagina que delicia, sábado à noite, na cama?
- Sábado? Cama? 
- Está certo. Te encontro no horário de sempre?
- Sim, às dez, em cima do lustre. Pode deixar que eu levo todas as coisas.

Nota da autora: aos dezoito anos, a professora me parecia a guru da sabedoria. Aos trinta e quatro, nada mudou. Essa é apenas uma tentativa de desmascará-la (é isso ou um fã clube). Claro que ainda podemos considerar a hipótese dela não ter tido filhos. Continuarei formulando teorias, pelo bem da nossa auto-estima.